AFINAL O QUE É INTERTEXTUALIDADE?
O
termo intertextualidade surgiu no interior da crítica literária francesa com
Julia Kristeva na década de 60 que concebeu o texto como “constituindo um
intertexto numa sucessão de textos já escritos ou que ainda serão escritos”
(KOCH, BENTES. CAVALCANTE, 2008, p.10). Essa acepção surgiu ancorado ao
dialogismo de Bakhtin que afirma que um texto não é compreendido isoladamente,
isto é, ele está sempre dialogando com outros textos. Dessa maneira, a intertextualidade
é vista como um diálogo que se realiza entre um texto a outro. Isso ocorre em
decorrência de que esta resulta do entrecruzamento de discursos que, por sua
vez, dá origem a um novo texto. A esse entrecruzamento chamamos de interdiscurso,
daí a relação da intertextualidade com o interdiscurso.
Como
base nisso, podemos afirmar que o interdiscurso está presente em todos os
textos, posto que “todo discurso é inevitavelmente ocupado, atravessado pelo
discurso alheio” (FIORIN, 2019, p.21-22). Assim, entendemos que o
interdiscurso, segundo Pêcheux (2014), é quem possibilita a existência de todo
dizer, haja vista que todo texto é realizado a partir de um pré-construído para
que possamos construí sentido diante do que está sendo dito. Desse modo, o
dialogismo de que nos referimos é possível de observar na relação de sentido
que se estabelece entre os textos.
Entretanto,
segundo Koch, Bentes e Cavalcante (2008), com a ampliação referente ao conceito
de texto visto nos estudos da Linguística Textual, o termo intertextualidade,
apesar de também se respaldar nas concepções de dialogismo abordada por
Bakhtin, tem duas facetas: intertextualidade no sentido amplo (lato sensu) constitutiva de todo e
qualquer discurso e intertextualidade no sentido restrito (Strito sensu) que subdivide em: temática, estilística, explicita e
implícita que podem ser vista nos seguintes textos: paródia, epigrafe, citação,
paráfrase, plágio, alusão, pastiche etc. Essas são caracterizadas pela presença
necessária de um intertexto. Tal como
podemos observar no exemplo a seguir:
Nessa figura (01) é
possível de observar como a intertextualidade explicita se faz presente. O
autor se utilizou de outros textos para produzir o seu. Isso é possível de
observar na referenciação que o autor faz nas palavras “a tropa de elite” ao
filme. Essa estratégia foi utilizada para produzir e estabelecer sentido a esse
novo texto produzido. Sendo esse sentido
possível de ser adquirido pelos leitores quando eles possuem conhecimento em
relação ao filme “a tropa de elite”. Dessa maneira, podemos dizer que os
textos, domínios discursivos possuem sempre uma relação de sentido intertextual,
posto que, mesmo quer seja implicitamente ou explicitamente, um texto sempre é
produzido a partir de outros.
Outro exemplo de
intertextualidade é visto nas paródias, tal como é possível de observar no
texto abaixo:
Fonte: https://www.bing.com/search?q=parodia+em+textos+curtos+&qs=n&form=QBE&sp=-1&pq=parodia+em+te&sc=913&sk=&cvid=77C7064E0DA6488D830572347B8934F1&ghsh=0&ghacc=0&ghpl=&ntref=1
Em
que é possível de observar que o texto acima foi produzido com base em outro
texto, neste caso a oração do “pai nosso”. Isso é possível de identificar pelos
termos “nosso”, “estais no céu”, “venha a nós”, “ a vossa”, “nosso de cada
dia”, “perdoai”, “assim como nós perdoamos” e “livrai nos” que é facilmente de
ser identificado no texto o qual foi feito a referência para a produção
deste. Além disso, a intertextualidade
também é vista no estilo de um texto que se dá, segundo Koch, Bentes e
Cavalcante (2008), quando o autor do texto imita, repete o estilo de um outro
texto para produzi o seu. Isso é possível de observar no texto da figura (02)
que faz a referência a presença de elementos formais de textos produzidos em
outros contextos, apresentando de modo integral ou parcialmente semelhança com
outro texto em sua forma, mas evidenciando outros sentidos.
Nessa
acepção, a intertextualidade, está presente implicitamente no texto ou
explicitamente, posto que as vezes em um determinado texto é citado a fonte de
referência para que o novo texto produzido tenha credibilidade e em outros não
há necessidade de mencionar a fonte, haja vista o que interessa é a
argumentação e produza sentido. No entanto, para que o texto produza sentido o
leitor precisa reconhecer essa intertextualidade. Dessa maneira, a
intertextualidade para ser identificada no texto vai depender do conhecimento
do leitor, bem como de suas leituras. Além disso, o texto, segundo Bazerman
(2021), emerge-se sempre de outros textos já existentes e que está presente em
nossa volta e na linguagem.
REFERÊNCIAS:
BAZERMAN, Charles;
DIONISIO, Angela Paiva; HOFFNAGEL, Judith Chambliss. Gênero, agência e escrita. 2.ed.- Recife: Pipa comunicação, Campina
Grande: EDUFCG, 2021.
KOCH, Vilaça G.
Ingedore; BENTES, Anna Cristina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade:
diálogos possíveis. 2.ed.-São Paulo: Cortez, 2008.
PÊCHEUX, Michel. Semântica
e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução: Eni Puccinelli
Orlandi et al. – 5ª ed. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014.
Aqui é Giselda. Parabéns! mas depois vou fazer uma melhor leitura
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